A gigante mineradora Vale S.A. anunciou recentemente a assinatura de um importante acordo com a também grande mineradora global Anglo American para adquirir uma participação minoritária inicial de 15% na Anglo American Minério de Ferro Brasil, empresa que atualmente detém os direitos de controle e operação do estratégico complexo de minério de ferro Minas-Rio, localizado no estado de Minas Gerais.
Pelo acordo, a Anglo American seguirá como sócia majoritária do empreendimento Minas-Rio, mantendo os direitos de controladora e operadora desse relevante ativo de mineração, incluindo a gestão e execução de todas as futuras expansões que eventualmente vierem a ser realizadas.
Contribuições da Vale e pagamento inicial para Anglo American
Conforme comunicado pela Vale por meio da publicação de fato relevante enviado à Comissão de Valores Mobiliários (CVM), autoridade reguladora do mercado de capitais brasileiro, a gigante mineradora contribuirá para a parceria com a Anglo American aportando todos os recursos minerais de seu projeto Serpentina.
Localizado em posição contigua e estratégica ao complexo Minas-Rio, o projeto Serpentina detém estimadas reservas minerais de aproximadamente 4,3 bilhões de toneladas de minério de ferro de alto teor de pureza.
Além de contribuir com os valiosos recursos de Serpentina, a Vale também fará um expressivo desembolso adicional de US$ 157,5 milhões em dinheiro, sujeito ainda a determinados ajustes relacionados aos níveis de dívida líquida e capital de giro verificados na data efetiva de fechamento da transação.
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Outro detalhe relevante é que o acordo firmado entre as mineradoras prevê que o valor total do pagamento pela fatia de 15% em Minas-Rio poderá ser ajustado para mais ou para menos ao longo dos primeiros anos da parceria. Tais ajustes estarão condicionados a média do preço global do minério de ferro, calculada anualmente.
Caso essa média fique situada acima da marca de US$ 100 por tonelada ou abaixo de US$ 80 por tonelada por quatro anos consecutivos, ajustes respectivos serão realizados no valor do negócio, aumentando ou diminuindo o montante devido pela Vale. Tais ajustes seguirão uma fórmula pré-definida entre as partes e estarão sujeitos a limites máximos e mínimos também já negociados e fechados entre as gigantes mineradoras.
Expectativa de conclusão e distribuição planejada da produção
A Vale informou que a conclusão efetiva de todo o negócio ainda está sujeita às aprovações corporativas internas de ambas as empresas, bem como às aprovações regulatórias aplicáveis junto aos órgãos competentes tanto no Brasil quanto globalmente.
Atualmente, a expectativa das mineradoras é de que todas as etapas necessárias para a ratificação e homologação da transação sejam finalizadas até o último trimestre do ano de 2024, permitindo que o acordo passe a ser implementado já no início de 2025.
A partir do momento da conclusão do acordo, a Vale passará a receber sua parcela proporcional de 15% sobre toda a produção de minério de ferro pellet feed extraída do complexo Minas-Rio, em regime de cotas mensais.
De acordo com seus planos e projeções internos, a Vale pretende destinar a maior parte de suas cotas desse pellet feed de altíssima qualidade para abastecer suas próprias plantas de pelotização localizadas em solo brasileiro.
Além disso, no médio e longo prazo, a empresa também planeja utilizar parte do minério para produzir briquetes de minério de ferro em seus futuros Mega Hubs, trazendo maior flexibilidade às suas cadeias logística e produtiva.
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Opção de compra adicional de 15% na ocasião de possível expansão futura
Vale ressaltar que, para além da participação inicial de 15% que será adquirida mediante as condições já negociadas e detalhadas, o acordo bilateral com a Anglo American também prevê que a Vale deterá uma opção de compra de mais 15% de participação acionária na operação expandida de Minas-Rio.
Essa opção de aquisição de mais 15% poderá ser exercida pela Vale no futuro, assim que ocorrerem determinados eventos pré-especificados relacionados a uma potencial expansão da produção do complexo Minas-Rio.
Dentre esses eventos futuros determinantes, estão a obtenção das licenças e alvarás ambientais necessários para viabilizar a ampliação da operação, bem como a realização e aprovação de estudos de pré-viabilidade e estudos de viabilidade completos para validar e endossar tecnicamente e economicamente os planos de expansão elaborados.
Caso a opção seja de fato exercida pela Vale após a ocorrência desses gatilhos, o preço justo dessa fatia adicional de 15% será calculado no momento da operação, seguindo as referências de mercado aplicáveis. O desembolso se daria então em moeda corrente, provavelmente dólares americanos.
Sinergias vislumbradas e qualidade do minério como ativos estratégicos
Tanto a Vale quanto a Anglo American manifestaram grandes expectativas em relação às importantes sinergias que vislumbram entre os recursos de Minas-Rio e o depósito contíguo de Serpentina, de propriedade da Vale.
![Minas-rio](https://financeglobal.com.br/wp-content/uploads/2024/02/image-13.png)
As empresas classificam o empreendimento Minas-Rio como um ativo estratégico de categoria global Tier-1, que certamente se beneficiará muito da proximidade dos recursos de alto teor e qualidade premium de Serpentina, além de poder compartilhar parte relevante da logística que já vem sendo utilizada pela Vale na região há décadas.
O minério de redução direta produzido em Minas-Rio é visto como um dos ativos de crescimento mais valiosos e cobiçados da atualidade por atender justamente o segmento de aços mais avançados e sustentáveis, com menor pegada de carbono. Esse nicho tem elevado potencial de expansão continuada nos próximos anos e décadas, o que traz maior valor estratégico para a parceria.
Possibilidade de expansão logística utilizando ativos ferroviários e portuários da Vale
As duas gigantes do setor de mineração destacam que, unindo os recursos de Minas-Rio e do próximo projeto Serpentina, existem oportunidades concretas para uma significativa expansão de toda a operação conjunta no futuro.
Inicialmente, as companhias estimam potencial para até dobrar a atual capacidade produtiva de Minas-Rio nos próximos anos, cenário que será detalhadamente estudado e viabilizado no âmbito da nova parceria.
Para escoar os volumes adicionais resultantes da expansão projetada, as mineradoras teriam a opção de utilizar parte da malha ferroviária e o porto marítimo de Tubarão, ambos ativos logísticos sob controle da Vale localizados relativamente próximos à região de Minas-Rio e Serpentina.
Essa rota logística alternativa evitaria a necessidade de construção de um novo mineroduto dedicado ligando Minas-Rio ao Porto do Açu no Rio de Janeiro, solução que exigiria bilionários investimentos e enfrentariagrandes desafios ambientais.
De toda forma, todas as soluções e rotas logísticas potenciais para uma futura expansão ainda serão alvo de estudos detalhados visando definir a alternativa mais eficiente e sustentável para o projeto.
O acordo não promove qualquer alteração na participação de 50% que a Anglo American já detém integralmente no terminal de exportação de minério de ferro localizado no Porto do Açu.
Fonte: Broadcast
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